Tiro ao alvo em Bangladesh: paratleta Denilson Souza vai participar de primeira competição internacional

O paratleta Denilson Souza, 46 anos, possui uma vasta experiência dentro do esportes adaptados no Brasil. Porém, entre os dias 25 e 29 de fevereiro, ele irá participar, pela primeira vez, de uma competição internacional: o 3º Campeonato Mundial Militar de Tiro com Arco, em Bangladesh.

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Denilson é cabo reformado do Exército há 20 anos e foi convocado em dezembro de 2023. Ao total, serão 125 competidores do mundo todo, sendo 35 brasileiros. Desse número, somente três atletas com deficiência foram chamados para a competição.

O campeonato

Voltado para o público militar, a competição vai receber atletas da Aeronáutica, Exército e Marinha, entre os dias 25 a 29 de fevereiro, em Dhaka, capital de Bangladesh. 

Denilson vai participar de uma das provas mais difíceis: o tiro com arco de 70 metros, no qual os competidores tem 120 minutos para realizar 60 disparos. Aqui, duelam atletas com e sem deficiência:

– O tiro com arco é muito abrangente. Posso disputá-lo em duplas, individual, pessoas com deficiência, sem deficiência…isso é fantástico, é muito bom – afirma.

Denilson é um paratleta de alto rendimento há mais de uma década e treina diariamente. Focado, ele conta que abriu mão das festas de fim de ano para se preparar:

– Estou trabalhando para não deixar o psicológico afetar. Não posso deixar que a pressão externa me influencie. Eu não posso contar com a sorte, preciso trabalhar para chegar lá e fazer isso acontecer. Eu sei onde quero chegar: eu quero o título de campeão.

20 anos depois, a farda

Desde que foi reformado pelo Exército há 20 anos, ele voltará a vestir uma farda. Segundo Denilson, pessoas com deficiência não são autorizadas a usar uma farda militar, a não ser em uma competição ou evento a convite das suas forças. Com sua cadeira de rodas, mirando o arco, ele estará totalmente fardado:

– Vai ser um momento emocionante. Estou muito ansioso. Estou trabalhando bastante, diariamente, mas nada de compara a esse momento.

Treinamentos na UFSM

Denilson treina junto ao Núcleo de Apoio e Estudos da Educação Física Adaptada (Naeefa), que fica no Centro de Educação Física e Desportos (Cefd) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) há 14 anos. 

Em competições regionais, estaduais e nacionais, ele representa o Cefd e o Naeefa. Na estrutura do campus, ele se prepara todas as manhãs para ficar com a pontaria afiada. Vendo de perto o trabalho realizado pelo Núcleo, ele vibra com a implementação do Centro de Referência Paralímpico em Santa Maria:

– Isso é fantástico! Antes de chegar no alto rendimento, eu era amador. São poucos os projetos voltados para o público com deficiência na região. Imagina quantos talentos podem ser descobertos agora, pensando em uma paralímpiadas? Isso poderia ter ocorrido até antes, mas eles não tinham oportunidade. 

Ele conta que precisava sair de Santa Maria, no começo de sua carreira, para buscar mais condições para se desenvolver dentro do esporte. Agora, ele espera que as próximas gerações não sofram com isso.

– Santa Maria possui muito potencial. É o reconhecimento de um trabalho feito há três décadas. Essa bandeira não surgiu ontem – afirma.

​Ao programa Papo D Esporte, na Rádio CDN, o professor João Vitor Zibell, que é integrante do Naeefa, falou sobre Denilson, sobre a competição e projetou o que espera desse torneio:

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– É uma das provas mais difíceis que existe, é alto nível. Vence quem erra menos. Mas acredito que dele deve surpreender. A preparação do Denilson foi muito planejada por todos nós, ele usufrui de toda a estrutura da UFSM, mas nada disso seria útil sem o foco dele. 

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